Na realidade brasileira, Arte e Cultura, via de regra, recebem pouco investimento e carecem de maior compreensão dos entes públicos. Nesta postagem vou falar um pouco do grafite e do picho.
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Ao andar pelas ruas de Rio Preto notamos um tipo de arte pouco compreendida e que tem carácter provocativo/reinvindicatório. Trata-se do grafite e do picho! Sei que vão discordar e dizer que pichação não é arte. Mas eu vou insistir que é sim!
No imaginário popular e para poderes constituídos o grafite tem status de arte e sua narrativa é mais compreensível. Acham-o “bonito” e seus executores são artistas. Já o picho não é bem visto, chamam-o de “feio” e seus executores são marginais.
Minha intenção aqui não é discorrer profundamente para defender o picho como arte, alguns já o fizeram, não ando com paciência de citar e me fundamentar. Quero apenas demonstrar que o picho é uma voz que grita, reinvindica, marca território, às vezes é violenta, provocativa, intrometida, abusiva etc. Quanta coisa não é? E mesmo assim é arte? Sim, é! Em museus há obras de arte com todas essas características, mas estamos num país em que museus é para um público seleto e o investimento em arte é ridículo. Dessa forma, o picho vem ocupar o substrato mais popular que se posse ter – as edificações e os equipamentos urbanos da cidade. Ele esta ali – sem querer você já viu!
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Querer caracterizar esteticamente a pichação para considerá-la crime beira a insanidade. São raras as pessoas versadas no universo da arte, querer julgá-lo esteticamente soa como brincadeira. Por isso defendo, tanto o grafite como pichação são expressões artísticas, sendo o primeiro aceito e compreendido e a pichação não figura entre expressões compreensíveis
A pichação é uma arte agressiva produzida normalmente por jovens que querem se expressar e se tornar conhecidos numa determinada tribo. Uma forma de reconhecimento e fama. A preocupação estética e a comunicação, propositalmente, não é decodificada para não iniciados. Seus substratos (lugares pichados), via de regra, não são autorizados, outras vezes são em lugares altos e de difícil acesso, o que promove um misto de arte e esporte radical, em muitos casos utilizam-se de espaços pequenos e de interesse específico como lixeiras, pontos de ônibus, próximo a lugares estratégicos para marcar territórios e divulgar grifes (marcas de pichadores) e semáforos.
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O grafite normalmente envolve um certo “profissionalismo”, pessoas com domínio do se convencionou se chamar de arte. Ele tenta agradar, normalmente é mais branco e menos radical. Através dele muitas pessoas tornaram-se conhecidas mundialmente – exemplo, o Kobra. Seus substratos são, em muitos casos, em lugares abandonados e em ruínas, em determinadas circunstâncias ocorrem em equipamentos públicos com autorização dos poderes constituídos e até através de processo de seleção.
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A lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 proíbi a pichação e ameniza o lado do grafite, e aqui eu não quero incentivar atos ilegais. Porém, vejo necessidade de mudar alguma coisa na legislação. Mesmo partindo de uma pessoa ignorada creio que seja interessante discutir sobre alguns pontos a seguir para flexibilizar o uso das expressões artísticas como picho e grafite. Vamos a elas:
- equipamentos urbanos como pontes e pontilhões deveriam ser liberados para essas artes, até uma altura considerada viável e segura;
- imóveis abondonados, sejam públicos ou privados, deveriam ser liberados para essas artes, mesmo sem autorização prévia;
- equipamentos urbanos como bueiros, guias, sargetas e calçadas em terrenos que não são construídos deveriam ser liberados também;
- criar espaços públicos para livre expressão das artes de rua (o Júpiter Olímpico em rio Preto parece que caminha neste sentido);
- flexibilizar possíveis meios de autorização para essas artes como registro de mensagens, e-mail e vídeos.
Em contrapartida, aumentar a rigorosidade para quem picha ou grafita patrimônio histórico cultural.
Finalizando, é importante registrar que arte de rua não se encerra no picho e no grafite, artistas que se apresentam através de performance, músicos, exibição de peças, exposições culturais podem ser consideradas como tal. E, por que não, incluir também os patrimônios históricos e os prédios de valor cultural e histórico como obras de arte (vejam o Museu Virtual da Arquitetura).
Fiquem com mais imagens de grafites e pichos, vamos curtir e refletir através da tela, mas lembrando que essas expressões são mais sentidas e apreciadas em movimentação, pois se comunicam melhor no contexto urbano onde foram feitas.
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